Nos últimos anos, tem crescido a queixa de que as pessoas estão cada vez mais sensíveis e suscetíveis a gatilhos emocionais. De tudo se torna um gatilho: uma palavra, uma imagem, uma música, uma opinião. Qualquer coisa que possa lembrar uma experiência negativa do passado pode desencadear uma reação emocional intensa, como raiva, tristeza, ansiedade ou medo.
Esse fenômeno tem sido atribuído a uma série de fatores, como o aumento da exposição a conteúdo violento ou traumático na mídia, a facilidade de acesso a informações sobre transtornos mentais e o crescimento da cultura do cancelamento.
No entanto, é importante questionar se esse excesso de gatilhos é realmente justificado. Será que as pessoas estão realmente mais sensíveis ou seria mais uma falta de maturidade emocional que as levam a não saberem processar as informações que lhes chegam?
Pontos a favor da ideia de que as pessoas estão mais sensíveis:
O aumento da exposição a conteúdo violento ou traumático: A mídia é cada vez mais violenta e explicita, e isso pode levar as pessoas a se tornarem mais sensíveis a imagens ou situações que evocam violência ou trauma.
A facilidade de acesso a informações sobre transtornos mentais: A internet tornou mais fácil para as pessoas aprenderem sobre transtornos mentais, e isso pode levar a uma maior identificação com esses transtornos. Colaborando para que busquem ajuda profissional qualificada.
O crescimento da cultura do cancelamento: A cultura do cancelamento, que consiste em boicotar ou cancelar pessoas que expressam opiniões ou atitudes consideradas ofensivas, pode levar as pessoas a se sentirem mais vulneráveis a críticas e julgamentos, o que pode aumentar a sensibilidade aos gatilhos.
Pontos a favor da ideia de que as pessoas estão apenas sendo mimadas:
A falta de maturidade emocional: As pessoas estão cada vez mais mimadas e acostumadas a ter tudo do seu jeito, o que pode levar a uma menor tolerância à frustração e a uma maior sensibilidade aos gatilhos.
A vitimização: As pessoas estão cada vez mais propensas a se vitimizar, o que pode levar a uma maior tendência a interpretar as situações como negativas ou ameaçadoras, o que pode aumentar a sensibilidade aos gatilhos.
A facilidade de acesso a informações desqualificadas sobre transtornos mentais: Da mesma forma que a internet tornou mais fácil o acesso a informações relvantes e qualificadas, também aumentou a quantiade de informações rasas. O que colabora para a autovitimização, no caso de pessoas com baixa maturidade emocional.
Acredito que a verdade está em algum lugar entre esses dois extremos. É verdade que as pessoas estão cada vez mais expostas a conteúdo violento ou traumático, e isso pode levar a uma maior sensibilidade a gatilhos. No entanto, também acredito que muitas pessoas estão simplesmente sendo mimadas e vitimizadas, o que as leva a interpretar as situações como negativas ou ameaçadoras.
É importante que as pessoas aprendam a identificar seus gatilhos e a desenvolver mecanismos de enfrentamento saudáveis para lidar com eles. No entanto, também é importante que desenvolvam uma maior tolerância à frustração e que aprendam a lidar com o estresse de forma saudável. Ao invés de reclamar de gatilhos, deveriamos investir no próprio desenvolvimento emocional e psicológico. Isso inclui aprender a lidar com as emoções de forma saudável, a desenvolver uma maior resiliência e a construir relacionamentos saudáveis.
Para exmeplificar, dois casos reais:
Caso 1: Pedro, é um engenheiro de software em uma empresa de tecnologia. Ele é um profissional competente, mas tem uma baixa tolerância à frustração. Ele é muito competitivo e não gosta de perder. Um dia, Pedro estava trabalhando duro para entregar um projeto importante no prazo, mas estava tendo problemas para resolver uma questão técnica. Um colega de trabalho passou por Pedro e disse: "Você está trabalhando nisso há muito tempo, deveria desistir de fazer dessa forma e buscar outras alternativas." Pedro ficou furioso com o comentário do colega. Ele se levantou, bateu na mesa e gritou : "Como você pode dizer isso? Está me subestimando? Acha que eu não consigo? Que qualificação você tem para me dizer isso?"
A reação de Pedro é um exemplo de como uma pessoa com baixa maturidade emocional pode se comportar de forma inapropriada em situações de trabalho. O comentário do colega desencadeou uma reação emocional intensa, o que levou Pedro a perder o controle. Ele não foi capaz de separar seus sentimentos pessoais do contexto da situação.
Caso 2: Betina, foi vítima de violência doméstica por muitos anos. Ela conseguiu se separar do marido e reconstruir sua vida. Ela é uma mulher forte e resiliente, que aprendeu a lidar com suas emoções de forma saudável. Um dia, Betina estava no trabalho quando um colega fez um comentário machista. Ela ficou chateada com o comentário, mas não deixou que isso a afetasse emocionalmente. Ela se posicionou, explicou ao colega que era uma sobrevivente de violência doméstica e que o comentário dele foi ofensivo. O colega se desculpou e eles continuaram a conversa de forma respeitosa.
A reação de Betina é um exemplo de como uma pessoa madura emocionalmente pode lidar com uma situação gatilho de forma saudável. Ela não permitiu que o comentário do colega a afetasse negativamente e foi capaz de lidar com a situação de forma construtiva e resolver o problema.
Conclusão:
Os gatilhos emocionais são uma realidade da vida. Todos nós somos vulneráveis a eles, em maior ou menor grau. No entanto, a forma como lidamos com eles pode nos dizer muito sobre nossa maturidade emocional.
Pessoas com baixa maturidade emocional são mais propensas a reagir de forma inapropriada ou exagerada a gatilhos emocionais. Elas podem se tornar defensivas, agressivas ou até mesmo paralisadas. Já pessoas com alta maturidade emocional são mais capazes de lidar com gatilhos emocionais de forma saudável e construtiva.
Se você está tendo dificuldade para lidar com gatilhos emocionais, é importante buscar ajuda profissional. Uma psicóloga, ou terapeuta, pode te ajudar a entender seus gatilhos e a desenvolver mecanismos de enfrentamento mais eficazes.
Além disso, é importante lembrar que a maturidade emocional é um processo que se desenvolve ao longo da vida. Com o tempo e a experiência, podemos aprender a lidar com nossos gatilhos emocionais de forma mais saudável e equilibrada.
Aqui estão alguns insigths para lidar com gatilhos emocionais de forma mais saudável:
Identifique seus gatilhos: O primeiro passo é identificar o que te desencadeia. Quais são as situações, pessoas ou coisas que te deixam com raiva, tristeza, ansiedade ou medo?
Desenvolva mecanismos de enfrentamento: Uma vez que você identificou seus gatilhos, é hora de desenvolver mecanismos de enfrentamento saudáveis. Isso pode incluir técnicas de relaxamento, como respiração profunda ou meditação, ou atividades que te ajudem a se sentir melhor, como praticar esportes ou passar tempo com pessoas que você ama.
Busque ajuda profissional: Se você está tendo dificuldade para lidar com seus gatilhos, busque ajuda de um profissional qualificado, que pode te auxiliar a entender seus gatilhos e a desenvolver mecanismos de enfrentamento mais eficazes.
Lidando com nossos gatilhos emocionais de forma saudável, podemos nos tornar mais maduros emocionalmente e viver uma vida mais plena e significativa. ;)
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